Passados quase 5 anos desde que seu primogênito desapareceu, Marciele Naitz não desistiu de encontrar o filho e agora é oficialmente administradora
Porto Velho, RO – O Conselho Regional de Administração de Rondônia (CRA-RO) rendeu homenagens em sua página oficial à mãe do bebê Nicolas Naitz, a criança que, no dia 22 de maio de 2014, simplesmente desapareceu da maternidade onde fora recepcionada em Porto Velho, embora tenha nascido, de fato, em Candeias do Jamari.
O caso é um dos mais emblemáticos relatados pelo histórico do jornalismo investigativo do estado, controverso, inclusive, entre as autoridades que o apuraram à época.
Hoje, passados quase cinco anos do ocorrido, não há conclusão nem opiniões unânimes a respeito. As últimas informações dão conta de que o inquérito encerrado pela Polícia Civil (PC/RO) foi desarquivado pelo promotor de Justiça Alan Castiel Barbosa, que mantém as diligências e possibilidades em aberto nas hostes do Ministério Público (MP/RO).
Paralelamente e sem cobrar por seus serviços, o perito criminal Rildo Silveira, do Rio de Janeiro, especialista em apuração de crimes que envolvam abuso de ordem sexual e/ou pessoas desaparecidas, montou um dossiê acerca do caso Nicolas e o apresentou à Polícia Federal (PF) com cópia destinada ao Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), órgão do Ministério Público carioca. Silveira também concebeu a campanha Todos por Nicolas Naitz, movimento popular onde a sociedade relembra o caso e contribui com a proliferação de informações.
Em julho do ano passado, o jornal eletrônico Rondônia Dinâmica publicou versão alternativa do episódio revelando, em reportagem exclusiva, uma linha de investigação preterida apresentadas por agentes da PC/RO, mas que fora descartada sem maiores inspeções.
RELEMBRE
Caso Nicolas Naitz: a linha de investigação que – quase – ficou para trás
Nesse interim, Marciele Naitz buscou o Poder Judiciário a fim de responsabilizar o Estado de Rondônia pela negligência em relação a Nicolas; por outro lado, foi processada pela maternidade particular onde o rebento foi visto pela última vez – dado como morto.
Na ação, a instituição pede R$ 30 mil por danos morais em decorrência de críticas postadas por Marciele em suas redes sociais em alegações que, entre outros pontos, usa o processo dos Naitz contra o Estado para acusar a família de usar a tragédia para obter lucro à custa do “suor alheio”. O juiz concedeu liminar à ocasião censurando as manifestações da mãe da criança no Facebook. Ela recorreu, mas o pleito ainda não foi julgado.
Marciele jamais desistiu de encontrar o filho / Reprodução
A deferência promovida pelo CRA-RO esta semana comprova que a mulher considerada pela instituição como exemplo de motivação e superação contraria veementemente a descrição composta pelos advogados do hospital que a processou.
“Vencer na vida é transformar sofrimento em aprendizagem e nunca desistir, por maiores que sejam as quedas”, deixa claro a profissional que jamais deixou de procurar o filho, mas também não largou os estudos nem o trabalho em todo o longo período de sofrimento experimentado de 2014 até aqui.
“Formada em administração pela Unopar, Marciele Naitz Sampaio Pereira é um grande exemplo de motivação e superação. Ela concluiu o curso em 2018, superando dificuldades, sendo a perda do filho, o pequeno Nicolas, ainda recém-nascido, o desafio maior que seria vencido durante a sua vida acadêmica”, traz o CRA-RO logo no primeiro parágrafo de sua láurea.
Assim que concluiu pós-graduação em gestão pública pela Universidade Cruzeiro do Sul, Marciele Naitz buscou o CRA-RO e registrou-se profissionalmente, tornando-se oficialmente administradora regularizada conforme as exigências legais para atuar no mercado de trabalho.
Confira abaixo a íntegra da homenagem
Comentários