Editorial – A beligerância do PSL em relação à imprensa de Rondônia, o governador ilhado e o porta-voz da clausura

Editorial – A beligerância do PSL em relação à imprensa de Rondônia, o governador ilhado e o porta-voz da clausura

Enquanto Coronel Marcos Rocha padece de crise de identidade congênita enxergando Jair Bolsonaro quando se olha no espelho, a população, mal informada,  fica a ver navios

Porto Velho, RO – Além de vínculos diretos ou indiretos com o PSL e a administração vindoura, o que o futuro governador Coronel Marcos Rocha, o deputado eleito Sargento Eyder Brasil, o candidato derrotado ao Senado Jaime Bagattoli e Júnior Gonçalves – o novo porta-voz da gestão liberal – têm em comum?

Todos eles, sem exceção e em momentos pontuais, demonstraram não conservar o mínimo de senso de responsabilidade sobre seus próprios passos, terceirizando culpa à imprensa quando os flagelos acerca de deslizes, omissões e negligências são expostos à apreciação da sociedade.

Marcos Rocha chama de fake news praticamente tudo o que lhe desagrada, assim como Narciso acha feio o que não é espelho; além disso, e muito pior, é o fato de achincalhar o jornalismo postando mensagens cifradas em sua página oficial no Facebook, acusando “parte da mídia” de criar teorias a fim de “barganhar”.

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Uma pausa.

Afim, tudo junto, pode ser usado como adjetivo ou substantivo, governador, pelo amor de Deus. O senhor é professor! A fim, separado, aí sim, é locução prepositiva. Peça para o Júnior corrigir no seu texto, já que o senhor quer tornar sua rede social um canal oficial de deliberações administrativas.

“Parte da mídia ainda deseja trabalhar nos antigos moldes, inventando teorias das mais variadas, afim [sic] de atrair acessos ou conseguir algum tipo de barganha”.

Voltando.

Eyder Brasil chamou jornalistas de bandidos. Jaime Bagattoli protagonizou uma das mais vergonhosas e constrangedoras cenas durante as eleições ao convocar coletiva de imprensa para atacar justamente o colega de partido. Qual deles? O Coronel Marcos Rocha! Arrependido, voltou atrás e, adivinhem só!,  culpou a proliferação de supostas notícias falsas através das redes sociais pela sua postura precipitada e infantil.

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Por fim, mas não menos importante, está o chilique virtual promovido pelo empresário Júnior Gonçalves, o homem da comunicação, no último 24 de novembro. Ele se autoproclama agregadador, um verdadeiro elo aglutinador com a habilidade de unir pessoas por competência e alinhar propósitos.

No mesmo texto, seguindo os passos de Rocha, Brasil e Bagattoli, também demonizou a imprensa creditando a jornalistas a arte da mentira e o monopólio espúrio das pressões, fofocas e comportamentos antiéticos.

Outra característica que liga umbilicalmente todos esses agentes da “mudança” é o afã nutrido pelo denuncismo barato e vazio exortado por seus pronunciamentos largados ao léu.

Gonçalves relatou ainda – num trecho especialmente difícil de entender – que teria sido vítima dessas artimanhas desenhadas por ele num imenso plano volátil de argumentações sem nexo, onde não aponta empresas ou nomes, como de praxe.

“Também foi falado de forma mentirosa que será cortado [sic] a verba de mídia e eu fui o que indicou tal ideia. Primeiramente não tenho tal atribuição e segundo isso é mentira produzida através de um jogo feito pelo "Só funciona se for assim" ou "Fala comigo que eu paro de bater" o velho e sujo jeito de produzir mentiras”.

Pelo menos na vida eletiva, Rocha ainda não se curou da crise de identidade congênita; quando se olha no espelho – lembra do Narciso? – em vez da própria imagem enxerga ali, de pé, a figura do presidente da República Jair Messias Bolsonaro batendo continência de volta.

Na cabeça dele, são duas pessoas distintas prestando mútuas deferências militares gestuais, reconhecendo um ao outro.

Quem se depara com a cena de fora, por outro lado, vê um sujeito deslumbrado e risonho cumprimentando a si, se achando o máximo, o suprassumo da popularidade – como se não tivesse nada a provar respaldado por prestígio ímpar, sem precedentes.

Infelizmente para o novíssimo chefe do Executivo, sua órbita de lideranças e o futuro estafe governamental, o Estado Democrático de Direito que os credenciou a tomar as rédeas do Palácio Rio Madeira é o mesmo que permite à imprensa e a qualquer cidadão em esferas distintas de atuação questionar tudo de forma absoluta, além de cobrar, criticar e expor.

Acostumem-se!

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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