Porto Velho, RO – Neste ano ganhou repercussão uma série original da Netflix chamada 13 Reasons Why. A narrativa conta a história de Hannah Baker (Katherine Langford), uma adolescente que passa pelas intempéries da idade naquilo que os americanos chamam de high school, equivalente ao nosso Ensino Médio. Hannah comete suicídio após passar por inúmeros percalços impostos por pessoas próximas e, antes de morrer, resolve gravar fitas imputando a cada uma delas a cota de responsabilidade e apresentando por quê. A trama não nos interessa neste artigo, exceto seu desfecho.
O enredo, interessante e convidativo, causou celeuma ao tratar a cena do suicídio da personagem principal de forma gráfica, ou seja, exposta explicitamente – criando certo magnetismo à gente já propensa ao autoextermínio.
Apontou o crítico de Cinema Pablo Villaça em sua crítica acerca da obra:
“Através de suas fitas, Hannah torna-se, em essência, a protagonista da vida de todos nelas mencionados, transformando-se no foco absoluto de suas conversas e pensamentos – e, considerando o público-alvo do livro e da série, comprovadamente mais susceptível ao efeito Werther (suicídios cometidos sob inspiração de exemplos famosos), a irresponsabilidade dos realizadores torna-se ainda mais reprovável”.
A glamourização do ato, tanto no mundo fictício quanto na vida real, corrobora e muito para que o assunto seja internalizado de maneira equivocada, próxima à obsessão.
Ainda em 2017, a pedido do deputado estadual Leo Moraes (PTB), o Legislativo tentou convocar audiência pública para discutir os reflexos do jogo macabro na vida de crianças e adolescentes. A intenção foi tratada em tom de chacota até mesmo por setores da mídia local, que tacharam a intenção como mesquinharia ante as inúmeras e importantíssimas demandas nos primeiros lugares da fila.
Próximos a outubro, com a eclosão de inúmeros casos de suicídios em Rondônia, observamos que a preocupação do petebista não era à toa.
Tanto é que a Assembleia Legislativa (ALE/RO) propôs nova audiência pública, desta vez especificamente sobre o suicídio, já colhendo bons frutos e avanços ao reunir profissionais que podem auxiliar no estancamento do flagelo.
O Estado e outras unidades da federação irão ingressar a partir do dia 1º do próximo mês na abrangência do Centro de Valorização da Vida (CVV), onde, através do número 188, poderão ligar gratuitamente para o serviço a fim de amenizar suas dores.
Mundo
Os vocalistas Chris Cornell e Chester Bennington, do Soundgarden e Linkin Park, respectivamente, se mataram em 2017. Bennington chegou a se apresentar com sua banda num tributo realizado em homenagem a Cornell.
Rondônia
Apenas no Cone Sul, e só em setembro, conforme reportado pelo jornal Extra de Rondônia, dois episódios sintomáticos vieram à tona. Otávio Augusto, de 18 anos, sobrinho de uma vereadora, se enforcou; já a jovem modelo Vânia Maísa, de apenas 17 anos, foi salva enquanto tentava se matar, mas teve morte cerebral decretada antes de chegar ao hospital.
Famílias destruídas, arrasadas. Situações de extremo desespero humano, o grito sufocado em mágoas que ninguém ouve. Pessoas que sofreram à míngua até o último momento de suas existências esperando que os próximos conseguissem ler os sinais, os pedidos de socorro.
O suicídio é um problema gravíssimo fruto da depressão profunda experimentada por seus praticantes e não pode ser tratado como brincadeira, uma pauta rebuscada e sem reflexos políticos.
Em memória às vítimas!
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