Porto Velho, RO – O melindre apresentado pelos políticos de Rondônia diante dos últimos acontecimentos envolvendo o escândalo do propinoduto da JBS tem tons reveladores.

Enquanto no coração do Brasil a discussão gira em torno do epicentro da hecatombe por conta das gravações que expuseram o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB), as consequências devastadoras se expandem a homens públicos do País inteiro.

Já se sabe que a empresa bancou ilicitamente pelo menos 1.829 candidatos de 28 partidos.

Aqui nestas paragens do poente já há nomes citados, a exemplo do vice-prefeito de Porto Velho que, diante das acusações e das denúncias apresentadas pela mídia, disse que só irá se manifestar após ter acesso ao conteúdo dos áudios.

Mas o que mais preocupa, no momento, é o silêncio constrangedor mantido pelos parlamentares federais e estaduais eleitos pelo Estado.

– Quem cala consente – reza o adágio popular.

E mesmo que o ditado não esteja correto, e o receio tenha motivos além da anuência com a festança ilícita alheia, a exposição das pessoas envolvidas em corrupção poderá colocar em xeque o trabalho de moralização da política local. A reputação do Legislativo, estraçalhada por operações como a Dominó, por exemplo, poderá sofrer novo arranhão sem precedentes, caso as informações dos bastidores sejam confirmadas. E a imagem do Poder vinha se reestabelecendo aos poucos, angariando, pouco a pouco, o respeito perdido diante de tanta falcatrua e desonestidade.

E tudo isso sem contar a bomba atômica lançada pela Odebrecht: quando os bastidores da construção das Usinas do Madeira vierem à tona de verdade, com provas robustas confirmando os burburinhos, o golpe final será muito, mas muito pior mesmo. E não é a politicagem que sairá perdendo, obviamente. O sofredor é a ponta final: o povo castigado de sempre.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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