Educação de Rondônia compra gato por lebre ao negociar com Confúcio; Roberto Sobrinho fora das eleições

Educação de Rondônia compra gato por lebre ao negociar com Confúcio; Roberto Sobrinho fora das eleições

O quê?

Daniel Pereira (PSB), nosso novo governador, provavelmente tentando preservar a imagem do agora antecessor, apresentou justificativa sem sentido à demora na conclusão da greve.

Olha aí

O texto enviado pelo Governo do Estado às redações informou que “O vice-governador Daniel Pereira, que também participou da reunião, afirmou que a solução poderia ser o simples atendimento da reivindicação salarial”. Aí vem a fala de Pereira: “Bastava que Confúcio, que vai deixar o cargo, concedesse o aumento sem observar as consequências para o Estado. Mas ele não fez isso”, argumentou.


Aos 45' do segundo tempo, greve acaba e Confúcio sai como "salvador da Pátria" / Foto: Decom

Ué...

Mas no mesmo release governamental, um pouco mais acima, o secretário-chefe da Casa Civil Emerson Castro fez questão de enfatizar: os investimentos do governo ficam comprometidos neste ano para atender à demanda, principalmente na Secretaria de Estado da Educação (Seduc/RO).

Governo de Rondônia anuncia o fim da greve dos professores; aulas serão repostas

Ou seja

Se Confúcio atendesse à reivindicação salarial logo no começo da greve haveria, claro, consequências para o Estado – como em toda adequação orçamentária, oras; mas não piores que as sequelas deixadas ao fazê-lo agora, aos 45’ do segundo tempo, quando alunos foram prejudicados e a categoria inteira terá de repor aulas sem ônus para o Executivo em troca do mínimo do mínimo do mínimo: o piso nacional do magistério proporcional ao contrato de trabalho – seja 20 ou 40 horas. Resumindo, o que deveria ser pago há muito tempo!


Salário inicial para professores municipais em cidade do Mato Grosso / Foto: Edital/PS

Bom negócio?

Agora você, educador (a), com a garantia de seus novíssimos dividendos, depois de dedicar toda uma vida à cátedra, refletirá se valeu a pena o desfecho. Mirassol D´Oeste, no Mato Grosso, deflagrou concurso público este ano e ofereceu aos professores o salário inicial de... R$ 3.053,45. E o melhor? Com o contrato de 30h. E aí, Confúcio ainda parece generoso? Pense nisso enquanto estiver repondo as aulas – de graça.


Sindicato acatou proposta do governo / Foto: Sintero

Gato por lebre

Por fim, fica a crítica do professor Francisco Xavier, de Cacoal, que resumiu de forma pontual os momentos finais do movimento paredista. Na visão dele, a executiva do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Rondônia (Sintero) é conhecida, há muitos anos, “como uma diretoria que usa os filiados para começar as greves, porém não os escuta quando precisa encerrá-las”.

OUÇA
 


Professor Francisco Xavier fala sobre o desfecho da greve

Acordo pré-fabricado

Xavier contou, ainda, que o acordo com Confúcio foi fechado muito antes da decisão oficial. “Todos os educadores que estavam em Porto Velho sabiam que existia esse acordo que foi assinado pela executiva sem ouvir as bases”. O professor revelou, também, que durante a tarde de ontem os dirigentes do Sintero passaram longo tempo trancados em uma sala na Assembleia Legislativa (ALE/RO) sem a presença de filiados comuns – proibidos de adentrar às dependências do conselho – que não pertencem à cúpula diretiva da entidade.

Governo já exaltava o fim da greve

Fontes palacianas que alimentam alguns veículos de comunicação já saíram em disparada para anunciar aos seus contatos o fim da greve – muito antes de os trabalhadores votarem a favor do acordo. “Quando a cúpula do sindicato saiu da sala, chamou os filiados e fez de tudo para forçar a aceitação da ‘proposta’, que já até havia sido assinada pela presidente”, disse Xavier. Muito antes dessa reunião na frente do Legislativo, prosseguiu o filiado, o governo Confúcio já proclamava o fim do movimento nas redes sociais. “Não há nenhuma novidade nisso, porque essa executiva do Sintero sempre foi assim”, criticou.


Sobrinho coleciona decisões favoráveis no TCE/RO e na Justiça / Foto: Rondônia Dinâmica

Roberto Sobrinho não é candidato

O ex-prefeito Roberto Sobrinho, do PT, não será candidato em 2018. Por ora, Sobrinho aguarda deliberações acerca de postulações de lideranças próximas e, adiante, escolherá quem irá apoiar durante o pleito. A coluna recebeu a informação de que o nome do aliado pode sair da esfera sindical.

Falando nele...

Na última segunda-feira (02), o Rondônia Dinâmica publicou matéria sobre mais uma absolvição de Roberto em ação de improbidade administrativa; no dia seguinte, o Tribunal de Contas (TCE/RO) julgou regulares os atos do ex-prefeito após análise de Tomada de Contas Especial. Entretanto, neste caso, a Corte acabou punindo o ex-presidente da EMDUR Mário Sérgio Leiras Teixeira, da ex-chefe de Gabinete do ex-prefeito Roberto Sobrinho, Miriam Saldaña Peres e da ex-controladora-geral Cricélia Fróes Simões. Os três deverão devolver, segundo o acórdão, mais de R$ 2,3 milhões aos cofres públicos.

Coleção

Essas duas decisões somam-se a outras que, desde julho do ano passado, começaram a desembaraçar a vida do petista, embora os danos políticos sejam, de fato, irreversíveis. Com isso, ainda em 2017, Roberto se livrou de execução fiscal e a Justiça ainda mandou devolver o salário penhorado do servidor; foi absolvido pelo Judiciário no caso Marquise; teve as contas aprovadas pelo TCE/RO após apresentar recurso e costurou, também, o livramento das acusações que o envolveram na Operação Luminus – onde chegou a ser detido sob alegação de malversação dos recursos da EMDUR.

Sangrou

Para entender como essas situações afetaram Roberto basta acessar as declarações exclusivas concedidas à RD Entrevista em março do ano passado. Acesse: RD Entrevista – Roberto Sobrinho, o homem que consubstanciou a própria prisão

Novo ciclo do municipalismo

Nesta sexta-feira (06) Jurandir de Oliveira, ex-prefeito de Santa Luzia d’Oeste, agora no Podemos, renuncia à presidência da Associação Rondoniense de Municípios (AROM) a fim de disputar um dos 24 assentos na ALE/RO. No lugar dele entra o atual prefeito de Cerejeiras, Airton Gomes (PP), vice-presidente, que será o grande responsável por conduzir a gestão de Oliveira até o final do mandato, que encerra em 31 de dezembro deste ano.

25 anos

A AROM completará 25 anos em julho. É inegável que a instituição se consolidou como fonte técnica segura sobre quase tudo que envolva o cotidiano dos municípios, de suas administrações – especialmente no tocante a receitas e despesas.

Gargalos

Os municípios, infelizmente, são os entes federados que mais sofrem na busca por recursos e em relação à manutenção das gestões. Mas a realidade está mudando, principalmente por conta da atuação dos chamados municipalistas – defensores intransigentes da descentralização administrativa. Os gargalos dos municípios asfixiam o desenvolvimento das cidades e acabam encorpando, mesmo sem querer, um ciclo vicioso de dependência relacionada a programas estaduais e federais financiados por recursos arrecadados dentro da própria municipalidade – ou por emenda parlamentar.


Jurandir de Oliveira deixa o cargo neste sexta-feira (06) / Foto: SICtv

Autonomia

Quanto a essa dependência, a AROM atua se posicionando como guarida técnica, articulando os órgãos necessários à promoção do destravamento de quesitos burocráticos que impedem, por exemplo, que os municípios arrecadem mais. A associação crê, além disso, que os municípios precisam exercer sua autonomia e dignidade de ente federado da República, com a devida arrecadação tributária e percepção de repasses federais e estaduais justos, dentro da realidade da movimentação econômica que ocorre nas cidades.


Willian Luiz apresentando o "Município em Debate" / Foto: AROM

Visão técnica

Daí a importância de municipalistas visionários, a exemplo de Willian Luiz, coordenador de Estudos Técnicos da AROM. O coordenador entende que os municípios precisam atuar de forma desafiadora, ousada e transformadora no cenário econômico das localidades, “uma vez que a cidade é ambiente físico, palpável e real onde se desenvolve a vida na sociedade humana”. Para ele, os Estados e a União são firmamentos abstratos e geridos por modais governativos que estão “distanciados dos cidadãos e são relativamente desconhecedores das demandas sociais”.

Cine Veneza: programação plural

O Cine Veneza, de Porto Velho, está com uma programação imperdível e variada! Por exemplo: de segunda à sexta-feira, nas sessões das 19h e 21h20min, você pode assistir ao inconcebível Nada a Perder – a cinebiografia mal contada de Edir Macedo (pontos positivos para a produção). Mas não é tudo, calma lá. Sábado e domingo, nas sessões com os mesmíssimos horários que as da semana, há, ainda, o filme do Edir Macedo (?). Leve a família e os amigos, compre a pipoca e cuidado para não perder o início da película demorando a escolher, pois opção é o que não falta.

Contato

Não esqueça: você pode entrar em contato com a coluna enviando mensagens através do e-mail [email protected]. À disposição – até segunda que vem!

Autor / Fonte: Vinicius Canova / O Espectador

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