Hospital Infantil alerta as famílias sobre a leptospirose e os cuidados no período chuvoso em Rondônia

Hospital Infantil alerta as famílias sobre a leptospirose e os cuidados no período chuvoso em Rondônia

O período chuvoso em Rondônia, chamado de verão amazônico, inicia em outubro e segue até abril, onde começa a transição para o período de seca. Na reta final das chuvas mais intensas, os índices pluviométricos continuam acima da média e preocupam a rede de saúde do Estado. Em fevereiro, mais de seis mil crianças foram atendidas no Hospital Infantil Cosme e Damião. Para alertar as famílias, as recomendações são reforçadas acerca dos riscos de doenças e acidentes ocasionados nas brincadeiras na chuva ou mesmo dentro de casa, em áreas alagadas.

O Hospital Infantil da rede estadual de saúde é referência em atendimentos pediátricos de urgência e emergência, abrangendo também pela proximidade territorial outros estados e países, como a Bolívia. Com as chuvas em maior ascendência, os riscos de doenças são diversos, como a hepatite A e doenças diarreicas, mas a preocupação maior é com a leptospirose, doença causada por uma bactéria presente na urina do rato, que demanda evitar o contato sem proteção com as águas decorrentes das chuvas e enchentes. Outro fator que preocupa os profissionais de saúde e exige cuidados redobrados é com as áreas alagadas, a visibilidade nas ruas fica comprometida, tornando difícil enxergar o que está embaixo, ocasionando acidentes por submersão, levando ao afogamento.

“Evitar, não é pra brincar. Os pais devem impedir a brincadeira dos filhos nas águas, no período chuva”, alertou o diretor técnico do Cosme e Damião, o pediatra Daniel Pires de Carvalho.

Até o momento não foi registrado nenhum caso de leptospirose ou doença relacionada à água da chuva no Hospital, mas o alerta é válido para conscientização dos pais e responsáveis quanto aos sintomas, que envolvem vômito, diarreia, febre alta, dor no corpo, principalmente na panturrilha, pele e olho de cor amarelada, que exige tratamento urgente, podendo causar morte se não diagnosticado oportunamente.

O tratamento para a leptospirose é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e todo pediatra está habilitado a iniciá-lo. Por ser uma doença infectocontagiosa, pode afetar órgãos de forma agressiva, então o tratamento é realizado com antibiótico e internação, em casos de suspeita ou confirmação da doença, afim de observar a criança, pois sugere maiores cuidados, para evitar o óbito.

“Dependendo do estágio da doença, é possível reverter, por isso é importante com qualquer sintoma ou dúvida devido ao contato com água da chuva, que o responsável procure uma unidade de saúde da rede da prefeitura, mais próxima, para que seja feita a triagem, fazendo o diagnóstico diferencial. É importante a avaliação médica primária, e conforme a situação e gravidade do caso, o médico encaminha ao Hospital Cosme e Damião para proceder com o tratamento”, explicou o diretor técnico, recomendando que as famílias procurem as unidades de saúde próximas às suas residências, para evitar riscos de peregrinação e receber os primeiros atendimentos direcionados.

Rose de Oliveira trabalha como cuidadora de crianças e a preocupação com a saúde delas é prioridade, principalmente porque tem um filho de nove anos. Pedro Leonardo tem crises de bronquite asmática e recebeu atendimento no Cosme e Damião. A mãe, que mora na Zona Leste de Porto Velho, não se limita a aconselhar sobre os riscos de contaminações e proibir brincadeiras nas chuvas. “Ele não pode ver a chuva e quer sair para brincar. Todo cuidado é pouco, ele é meu caçula, eu nunca deixo ele sair, pois é muito perigoso. Explico pra ele e ele me entende”, contou Rose.

Em fevereiro deste ano, foram atendidas 6.630 mil crianças no hospital, sendo que quase 90% dos casos foram de atenção básica, aqueles que podem ser tratados nas unidades básicas de saúde, evitando a lotação no hospital e permitindo atenção aos pacientes em estados de urgência e emergência, conforme é referenciado para atendimentos de casos graves que necessitam de internação, UTI pediátrica e unidade de cuidados intermediários, como crianças com instabilidade clínica que precisam de atendimento especializado.

Para a limpeza em casos onde a residência foi invadida pela chuva, o ambiente deve ser limpo com água sanitária, bem como as caixas d’águas devem ficar tampadas, e o cuidado na utilização de água da cisterna deve ser maior, pois pode estar potencialmente contaminada. Por isso, a população deve seguir as orientações dos agentes de saúde, para garantir a limpeza da água, antes de ingestão ou contato.

“Importante para todos, principalmente crianças, evitar a automedicação, tem que procurar a assistência médica, só o médico vai poder identificar e tratar as doenças em tempo oportuno e identificar a gravidade da situação. Por isso a importância de procurar o atendimento. Saúde é um direito de todos e um dever do Estado, temos que fazer cumprir”, finalizou o diretor.

Autor / Fonte: Gaia Bentes/Secom

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