Operação policial tende a alcançar novas figuras da política

RESENHA POLÍTICA ROBSON OLIVEIRA

FRIGIDEIRA – Uma fonte empresarial da coluna com trânsito nas entranhas palacianas revelou que dois auxiliares do governo estão prestes a serem fritos dos cargos. De acordo com o relato, um dos auxiliares que está na frigideira teria supostamente usado indevidamente o cargo para interesses pessoais nada republicanos. O outro, ainda em fogo brando, teria metido os pés pelas mãos. Mais as mãos que os pés. Nos arredores do palácio o cheiro da fritura pulveriza o discurso duro do governador. A coluna aguarda da fonte as informações suplementares prometidas para revelar publicamente o que foi dito em privado.

DESERTA – Embora a prefeitura municipal de Porto Velho tenha prometido em juízo que no máximo em trinta dias lança o edital da licitação dos transportes coletivos – o que esta coluna duvida – há uma enorme chance de ser deserta, ou seja, nenhuma empresa se habilite para explorar os serviços. Os transportes coletivos da capital são deficitários e as condições exigidas pela municipalidade para exploração são atualmente inexequíveis.  

PREVIDÊNCIA – Não há – nem aqui nem alhures – uma proposta de reforma da previdência social que não mexa com direitos consagrados pela constituição cidadã. É bem verdade que de 1988 pra cá a expectativa de vida aumentou e, por consequência, essa longevidade diminui a capacidade dos estados em honrar com o número muito maior de aposentados em comparação ao ano da Assembleia Nacional Constituinte.

RESISTÊNCIAS - Qualquer proposta da previdência que seja apresentada ao Congresso Nacional sofrerá críticas e resistência, embora todos saibam que é preciso fazer alguma coisa antes que não sobre dinheiro para pagar as aposentadorias. Contudo, uma reforma justa e palatável tem e deve atingir todos os setores sem abrir exceção. Do contrário, nem aqui nem alhures, não consegue aprovação.

SINECURAS - O governo prepara as peças publicitárias para convencer a população de que não haverá prejuízos, mas é tudo empulhação porque não há como reformar nada sem modificar o que existe. Haverá perdas sim, o que se espera é que tais prejuízos não sejam contabilizados apenas para quem ganha pouco. Sejam também extensivos às sinecuras de estado que percebem suas aposentadorias acima do limite dos barnabés. As exceções no setor público são sinecuras que podem inviabilizar todo projeto. Como diria Ulisses Guimarães: “O Congresso tem medo de gente na rua”. Governo, idem!

PAU OCO – Há um burburinho nos bastidores políticos de que a operação policial que alcançou vários agentes públicos na Secretaria de Meio Ambiente, em novembro passado, com o confinamento do primeiro escalão da pasta, tende a alcançar novas figuras da política, inclusive com mandatos. Em “off” a coluna apurou que de oco esta investigação não tem nada e muito pau mandato está abrindo o bico. Veremos em breve os desdobramentos e o corte raso de cabeças importantes nesta floresta de degradação.

OBTUSOS – Nunca antes na história recente do país as reservas indígenas e seus habitantes estiveram em situação tão calamitosa. Partem de todos os lados ações orquestradas com intuito de avançar nas riquezas destas reservas com eliminação das suas comunidades. Não há nenhuma justificativa que permita o avanço da exploração gananciosa do agronegócio sobre as reservas. Quem acha que as entidades de proteção e a legislação que ainda resistem ao discurso avassalador e enganador do business o faz por ignorância histórica ou por completa estupidez. Defender nossas matas e o meio ambiente sadio deveria em geral ser obrigação de todos. Em particular dos agentes políticos.

DIÁLOGO – Embora um não morra de amor pelo outro, o prefeito da capital Hildon Chaves (PSDB) e o deputado federal Léo Moraes (PODEMOS) vão se reencontrar nesta quarta-feira em Brasília para discutir projetos de interesse do município. O primeiro encontro ocorreu dias atrás nas dependências de uma Faculdade por iniciativa do parlamentar. A atitude demonstra que o deputado está preocupado em honrar com os eleitores de Porto Velho os votos recebidos com ações concretas. Segundo quem presenciou o encontro, mesmo um não nutrindo nenhuma estima pelo outro, a conversa foi republicana e civilizada. O diálogo na política é tudo que todos esperam e torcem para que as diferenças fiquem circunscritas ao calor das campanhas. Porto Velho precisa que todos cuidem bem melhor dela.

HOMENAGEM – Flamenguista fervoroso que sou não poderia de deixar minhas homenagens aos jovens que tiveram as vidas ceifadas nas dependências do CT do Flamengo, no Rio de Janeiro. Até os vascaínos conseguiram fazer bonito nas mídias sociais e jogaram um bolão de homenagens dignas. Apesar de em campo serem um horror e, nas raras classificações, morrem na praia dos vices. Valeu pela homenagem que o freguês português nos fez.  

REGISTRO – A coluna lamenta pela passagem para o andar de cima do jornalista Ricardo Boechat. O jornalismo radiofônico, televisivo e o escrito ficam mais pobres com o falecimento do colega que revolucionou o colunismo na década de oitenta, e mudou a forma caricata dos âncoras das TVs brasileiras nessa última década. Boechat soube como ninguém enfrentar a depressão e anunciar publicamente os sintomas que provocaram em parte de sua vida um apagão. A sua fala fez bem a si e a muita gente que ouviu atenta o depoimento dado. O jornalista fará falta. Merece o registro na história do jornalismo brasileiro.

Autor / Fonte: Robson Oliveira

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