Opinião - A quem interessa o tapa-buracos de todos os anos da BR 364

Opinião - A quem interessa o tapa-buracos de todos os anos da BR 364

Há mais de dois anos que o jornal eletrônico Rondônia Dinâmica alerta e cobra dos políticos e da sociedade organizada de Rondônia providências para principal rodovia federal no Estado, a BR 364. Construída na década de 80 a rodovia não tem condições de suportar o volume de tráfego e a tonelagem das carretas, bitrens, treminhão.

A BR 364 foi construída numa época em que predominavam os caminhões truck e poças jamantas (hoje carretas), mas com uma capacidade de carga de no máximo 15 t. A realidade é bem diferente, pois um veículo de carga de hoje chega a transportar, somente de carga, mais de 60 t e um rodotrem acima de 70 t.

Na safra de soja deste ano Rondônia produziu mais de 930 t de soja, produção que é totalmente exportada pelo porto graneleiro de Porto Velho. A produção do Sul do Mato Grosso também é exportada pelo porto da capital de Rondônia.

Como a produção de soja tende a aumentar a cada ano, porque Rondônia é um Estado com solo fértil e de clima privilegiado, porque não ocorre geada a expectativa é de melhorar a cada ano a produção por hectare, que hoje gira em torno de 56 sacas/h.

Uma viagem terrestre hoje, por exemplo, ao Paraná com aproximadamente 2,7 mil km o motorista terá problemas, apenas em Rondônia, nos cerca de 700 km de Porto Velho a Vilhena na BR 364. No trecho Vilhena a Cuiabá, Cuiabá a Campo Grande e Campo Grande a Londrina a 364 está totalmente em condições de proporcionar uma viagem tranquila.

Esta semana tivemos mais um acidente fatal onde morreram cinco pessoas da mesma família, que estavam numa carreta que se chocou com a outra que vinha em sentido contrário. Morreram o pai, a mãe e três crianças, inclusive uma de colo. Uma tragédia.

Outro problema grande da 364 é a falta de fiscalização. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não tem efetivo suficiente para poder atender a demanda de veículos que circulam pela 364 em Rondônia. Os abusos dos caminhoneiros que retornam do porto graneleiro de Porto Velho são constantes, problema que se agrava devido aos buracos que ocupam o leito da estrada neste período de chuvas constantes. Como as carretas retornam vazias são inúmeras as irregularidades como ultrapassagens em locais proibidos, excesso de velocidade, além da rodovia esburacada, mal sinalizada e muito pouco fiscalizada.

Por que todos os anos temos tapa-buracos e não uma restauração? A BR 364 não tem condições técnicas de suportar o tráfego pesado e intenso, problema que se agrava com os períodos de safras de grãos. A quem interessa as operações tapa-buracos? Os favorecidos são as empreiteiras, que sabem que o serviço não tem condições de suportar o tráfego. E também políticos que enchem os bolsos favorecendo as empreiteiras. A Operação Lava-Jato trouxe isso à tona.

O compromisso público do deputado estadual Léo Moraes (Podemos-PVH), eleito deputado federal nas eleições deste ano, que será um defensor intransigente da restauração e duplicação da BR 364 em Rondônia no Congresso Nacional, deve ser encampado pelos demais deputados, que comporão a bancada federal e os senadores a partir de fevereiro do próximo ano.

A economia de Rondônia depende em grande parte da BR 364, por onde passam o progresso e o desenvolvimento. Não podemos aceitar que a força da economia de Rondônia, que está alicerçada no agronegócio e na pecuária (corte e leite) seja mantida com as constantes mortes na 364.

Restaurar, sinalizar, fiscalizar, duplicar e se necessário privatizar são ações que devem ser priorizadas pela nossa bancada federal. Não podemos manter o progresso e o desenvolvimento a custa de sangue das tragédias que, infelizmente ocorrem com regularidade na BR 364.

Autor / Fonte: Waldir Costa / Rondônia Dinâmica

Comentários

Leia Também