Opinião – O presente de grego de Confúcio para o Estado de Rondônia e a denúncia pouco explorada feita pelo Estadão

Opinião – O presente de grego de Confúcio para o Estado de Rondônia e a denúncia pouco explorada feita pelo Estadão

O ex-governador soltou ‘bomba de Hiroshima’ pouco antes da renúncia. Ele jamais defendeu o projeto nem colocou à apreciação do povo

Porto Velho, RO – Rondônia ganhou as manchetes dos noticiários nacionais por conta de um “presente de grego” deixado por Confúcio Moura (MDB) no apagar das luzes de seu segundo mandato. 

Sem discutir com a sociedade civil organizada e muito menos defender publicamente o interesse da proposta, o emedebista criou, via decreto, 11 novas unidades de reserva ambiental. 

Uma verdadeira “bomba de Hiroshima” que caiu no colo dos deputados estaduais porque, tão logo Moura tomou sua decisão unilateral, os produtores rurais se sentiram aterrorizados e, revoltados com a situação, buscaram o Poder Legislativo para sanar o problema.

Centenas de famílias se sentiram desesperadas com a traição de Confúcio Moura, pois, naquelas mesmas regiões, o então governador havia garantido a regulamentação das áreas por meio do programa Terra Legal. 

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O conteúdo divulgado pela versão online da revista Veja, por exemplo, indicou:

"A ONG WWF-Brasil vem acompanhando o caso desde o início. Em uma nota divulgada na quarta-feira, 26, o coordenador de Políticas Públicas da organização, Michel Santos, afirmou que 'tanto o processo de criação quanto o de extinção de unidade de conservação pressupõe a realização de estudos técnicos. Sem isso, o processo é viciado e tem que ser declarado nulo. Assim como na criação, a extinção de unidades de conservação também precisa contemplar a participação da sociedade, o que tampouco aconteceu neste caso'.

Pessoas que ocupam esses pontos há mais de três décadas tornando as superfícies extensões territoriais completamente produtivas sentiram o peso de uma decisão que, de uma hora para a outra, sem mais nem menos, tinha o condão de enxotá-las, inserindo-as nas mesmíssimas condições de muitos brasileiros sem-teto.

Em seu intento malicioso, Confúcio ficou isolado. Nem a base aliada pôde defendê-lo. O próprio deputado Laerte Gomes, do PSDB, se posicionou contra e bate o pé até hoje.

O tucano, na sessão da última terça-feira  (25), se pronunciou durante a votação de um Projeto de Lei, de autoria do Poder Executivo, que exclui a Reserva do Soldado da Borracha da matéria, também do Governo do Estado, que cria as 11 reservas florestais em municípios de Rondônia.

“O parlamentar parabenizou o deputado Ezequiel Junior (PRB) por ter intermediado, junto ao governo do Estado, a exclusão da referida reserva do projeto que cria as demais. Porém, Laerte disse que, apesar de votar favorável pela aprovação do projeto que exclui apenas a Reserva do Soldado da Borracha, a não exclusão das outras 10 áreas seria algo injusto”.

Confúcio Moura está preocupado com o meio-ambiente?

De acordo com matéria nacional publicada pelo Estadão em julho de 2016, não.  A matéria especial “Destruição liberada”, de autoria dos jornalistas  André Borges e Leonencio Nossa, revelou uma faceta completamente contrária a essa concepção construída em torno da reputação de Confúcio Moura após aprovar, via decreto, as 11 áreas de reserva ambiental. Sobre o assunto, o ex-governador jamais se pronunciou.

RELEMBRE
DESTRUIÇÃO LIBERADA

“No dia 5 de dezembro de 2014, uma sexta-feira, um registro inusual apareceu na tela do sistema de Documento de Origem Florestal (DOF) do Ibama, programa utilizado pelos Estados para oficializar processos de extração de madeira em todo o País. Com apenas um clique, a Secretaria Ambiental de Rondônia havia liberado uma “autorização de exploração florestal” (Autex) para a derrubada de 17.613 metros cúbicos madeira, em benefício de Paulo Firmino da Silva”, começa o texto da dupla.

Em seguida, mencionam:

“Era um volume abissal. Em condições normais, essas autorizações costumam envolver quantidades bem menores, algo em torno de 3 mil ou 4 mil metros cúbicos. A retirada de toda aquela madeira, que seria feita em uma única área de “plano de manejo florestal sustentável”, equivalia a enfileirar 880 caminhões abarrotados de toras”.

Em outras duas passagens da reportagem, os profissionais deixam claro:

“O governador Confúcio Moura ilustra a relação umbilical entre a política de manejo florestal e o financiamento de campanha eleitoral. Entre os principais doadores que o ajudaram a se reeleger em 2014, estão empresas que obtiveram concessões para explorar grandes áreas da floresta e empresários interessados na expansão de suas lavouras em áreas devastadas”.

“Itamar Loks e Hugo de Carvalho Ribeiro, de um grupo de produtores rurais, doaram R$ 500 mil cada para a campanha de Confúcio. A Triângulo Pisos e Painéis, que conseguiu por meio da Indústria de Madeira Manoa a exploração de uma área de 47 mil hectares, deu uma ajuda de R$ 60 mil. O esforço para reeleger o governador valia até cheques de valor quase simbólico como o dado por Jonas Perutti, de R$ 10 mil. Perutti é figura influente no meio empresarial de Rondônia. A empresa dele, a Madeflona, conseguiu grandes concessões, como a área de 87 mil hectares da floresta de Jacundá. A fiscalização do manejo é tarefa dos governos estaduais”.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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