Representantes do IFRO estão em São Paulo para a CampusParty Brasil

Representantes do IFRO estão em São Paulo para a CampusParty Brasil

 Mais de 80 representantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) embarcaram no sábado (9) para São Paulo (SP), onde participam da 12ª Campus Party Brasil (CPBR12). Dois ônibus levaram alunos e servidores, saindo de Porto Velho e de Ji-Paraná, para um percurso total de aproximadamente seis mil quilômetros, feito em dois dias para ida e outros dois para volta. O evento inicia nesta terça-feira (12), na Expo Center Norte.

Segundo o Coordenador de Inclusão Social e Produtiva da PROEX/IFRO, Jairo Tschurtschenthaler Costa, a participação deste ano mostra a evolução que o IFRO vem tendo no trabalho com o empreendedorismo e com as novas tecnologias em desenvolvimento. “Desde a participação na CampusParty do ano passado, já vínhamos de uma evolução de incubadora de empresa, de trabalho com startups, participamos de competição de startups em que fomos premiados e esse ano conseguimos elevar ainda mais o patamar que é conseguir ser a instituição de ensino com maior participação da Campus Party”. O coordenador ainda enfatiza que essa é uma forma do Instituto Federal de Rondônia fazer a transferência para a sociedade de todo o conhecimento desenvolvido, alcançando outros espaços. “Tecnologias que são desenvolvidas aqui e que podem servir para o Brasil inteiro, mostrando desta forma o crescimento que, não só Rondônia, mas que o Instituto está tendo”, afirma Jairo.

A primeira participação do IFRO na CPBR foi em 2011, e de lá pra cá a instituição veio galgando novas formas de participação, chegando em 2019 com a aprovação de oito projetos para a Campus Future e um na StartupMaker, com estudantes egressos do Campus Cacoal. Na Campus Future, quatro projetos participaram de edital da Reitoria e outros quatro foram classificados diretamente na Campus Party.  E não é só na Campus Party que os projetos estão participando, uma vez que também há ideias aprovadas pelo edital de  mobilidade internacional, onde professores e alunos, do nível técnico até a graduação, participarão de intercâmbio em instituições educacionais de Portugal.  

“Apesar de cada unidade do IFRO ter certo ramo em que atua mais fortemente, estamos conseguindo fazer com que as ideias não fiquem limitadas somente a determinado tipo de atuação do campus. Assim, conseguimos ter num campus de alta tecnologia trabalhos ligados às áreas de piscicultura, de pecuária e também trabalho para áreas em que não atuamos, que é a área de lazer, de ciclismo. O importante é mostrar que novas tecnologias podem ser inseridas em qualquer segmento, independente da região do estado e do campus em que os pesquisadores estão atuando”, afirma Jairo Costa.

O professor do Campus Porto Velho Calama, Kariston Dias Alves, possui três projetos destinados para a Campus Party 2019 e que foram desenvolvidos juntamente com estudantes do quarto ano do Curso Técnico em Eletrotécnica. “Todos possuem protótipos já desenvolvidos e estão em fase de testes e melhorias”, diz ele. Dois deles passaram pelo edital da reitoria do IFRO. Um deles é Rover de Análise de Solo e Gestão de Produção Agrícola, liderado por Álamo Conrado, e trata-se de um veículo autônomo, capaz de realizar a criação e a gestão de plantações, além da captação e transmissão de imagens do ambiente.

No Sistema para realização de acabamento em peças 3D, os estudantes Álamo e Emílio apresentam um sistema automatizado que realiza a pulverização fracionada de líquidos reagentes que contribuem para o acabamento de peças impressas por meio de impressão 3D. Atualmente esse acabamento é realizado manualmente e o projeto visa otimizar esse serviço e garantir a qualidade em todas as peças.

O projeto Smart-Extend, que tem por líder o discente Kelwin, visa desenvolver um sistema inteligente para secagem de roupas e praticidade no manuseio nas peças em casos de chuva. “É uma satisfação verificar o desenvolvimento de novas soluções pelos nossos alunos. A maioria desses projetos tem surgido ao longo do desenvolvimento das disciplinas técnicas. Eles ganham forma durante o período letivo e os discentes decidem que vale a pena investir mais tempo no aprimoramento da solução. Ou seja, eles aprendem o conteúdo programático das disciplinas técnicas de uma maneira totalmente prática e ao mesmo tempo estão buscando soluções para problemas reais”, afirma Kariston.

O docente explica que está trabalhando com outra turma projetos de automação para o Campus Porto Velho Calama. Em 2018 os alunos desenvolveram a parte teórica e para 2019 a expectativa é ter recursos para desenvolver os protótipos dessas soluções. Entre os projetos estão o de controle de acesso aos departamentos e laboratórios; ferramenta interativa de atendimento aos pais, alunos e comunidade externa; controle de eficiência da Estação de tratamento de esgoto ETA; e gestão e controle de eficiência energética do campus. “São temas de suma relevância no Campus Calama e que podemos abordar com nossos discentes e instigá-los a proporem soluções”, avalia.

Tecnologia para o campo

Os acadêmicos de Engenharia de Controle e Automação, AldoinoBonadeu e Lucilene Venancio, gerenciam o projeto Balanceamento Inteligente da Alimentação Bovina através da automatização do cocho utilizando RFID. A tecnologia desenvolvida na área de agronegócios traz algumas soluções para os criadores de gado. “Como a perda da ração ocorre devido à disputa dos animais na hora da alimentação, o maior se sobressai em relação ao menor, o que acaba gerando perdas, porque era para o animal menor conseguir comer e aumentar seu peso, mas não consegue porque o mais forte não deixa”, explica Aldoino.

A solução trazida pelo cocho automatizado é o barateamento da mão de obra e ainda um melhor acompanhamento do produtor, uma vez que irá permitir, a partir do momento que o animal entrar na baia, ter definida a quantidade de ração que ele necessita em função de seu peso.

“Na proposta se instala o programa de administração do cocho, mas é o produtor quem gerencia as variáveis de alimentação para cada animal, no aplicativo que pode ser instalado até em celulares. A tecnologia está sendo programada para funcionar com acesso à internet ou via Bluetooth”, exemplifica o acadêmico.

Para o professor Kaio Alexandre da Silva, do Campus Porto Velho Calama, a “inovação vem do balanceamento da alimentação, buscando o aumento da produção através de um algoritmo de inteligência que será colocado dentro de um cocho automatizado”. Ele ressalta que toda inovação tem muito da dedicação dos alunos, que traz impacto social e tecnológico para o próprio estudante e para a sociedade. Outro exemplo coordenado pelo docente está no projeto da piscicultura, em que se “conseguiu fazer uma boia que vai medir a qualidade da água em tempo real, dando ao piscicultor a possibilidade de saber quando precisa ter uma atitude de correção da água, fazendo com que evite uma perda de até 20% da produção”.

Ao desenvolverem a Boia Secchi – Monitoramento da transparência/turbidez da água voltada a piscicultura, os estudantes do Campus Porto Velho Calama pensaram no resultado positivo que o adequado controle de qualidade da água favorece na produção de pescado. “Vimos que a previsão para 2018 era de 90 mil toneladas de peixes, sendo um mercado em crescimento o da piscicultura. Então, nosso empreendimento vem agregar recursos e também favorecer o piscicultor que terá ganhos na sua produção. Tentando minimizar a perda, nosso produto, com infravermelho e com sensores, vai fazer a leitura da água, transformando isso em dados e mandando para uma unidade de controle. Com esses dados em mãos, o piscicultor vai fazer a correção preventiva do seu tanque, evitando danos à produção”, diz Roberto Lucas, acadêmico de Engenharia de Controle e Automação.

Tecnologia vestível

Com esse leque de diferentes problemas sociais necessitando de pesquisa e inovação, estudantes do Curso Tecnológico em Análise e Desenvolvimento de Sistema estão propondo a SmartLongSleeveShirt: tecnologia vestível para ciclistas. “O projeto de pesquisa, que nasceu para embarcar tecnologia dentro de roupa, veio da necessidade de consumo de quem pedala na cidade. Muitas vezes vemos que não conseguimos manter uma comunicação fiel entre o ciclista e o motorista que está vindo na retaguarda”, relata o professor Kaio Alexandre.

A tecnologia vestível ainda é pouco pesquisada no Brasil e depois da CampusParty o projeto será levado para um período de estudo no intercâmbio internacional em Portugal. “Acho muito importante mostrar para os alunos aqui de Rondônia que não importa o lugar em que estamos, mas importa sim as pessoas que estão produzindo tecnologia. Através desse projeto, conseguimos participar do programa de internacionalização, o Pipeex, e ele foi selecionado para a cidade do Porto”, afirma o docente.  

Portugal é o maior produtor de bicicletas dentro da Europa e o IFRO terá condições de estudar um tema que pode resultar em redução de acidentes, uma vez que sinalizará ao motorista para qual direção o ciclista está indo: "[...] a tecnologia vai trazer leds indicativos nas costas da camisa, e vai contar com botões de acionamento na frente. O ciclista vai poder, através de um toque, selecionar esse led que vai ter um controlador e mostrar a direção de conversão dele", acrescenta o professor.

Kaio frisa que a participação dentro de um evento específico de tecnologia demonstra a força de Rondônia em produzir tecnologia: "[...] quando o IFRO leva 20% dos projetos dentro da CampusParty e no Campus Calama estamos levando basicamente alunos de Engenharia de Controle e Automação e de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, mostramos que estamos aptos a produzir tecnologia e precisamos expor isso para todo mundo”.

Robótica

Dentro das tecnologias aprovadas para participar da CampusParty, está também a garra robótica, em que uma luva recebe controle a distância. Segundo o professor do Campus Porto Velho Calama, Artur Vitório Andrade Santos, essa inovação tem como objetivo atender especialmente pessoas que tenham membros amputados, “através do membro que funciona a pessoa consegue controlar uma garra robótica, uma prótese que esteja utilizando, e, a partir disso, conseguirá manipular diversos objetos”.

A ideia inicial partiu da disciplina de Eletrônica Básica, em que eram ministrados diversos projetos baseados em metodologias ativas. Posteriormente foi desenvolvida a prótese robótica e a luva robótica. A possibilidade de trocar ideias e de surgir parcerias em São Paulo é vista como uma forma de motivar os alunos, ainda mais com a repercussão que teve a participação do IFRO no evento.  “Na CampusParty poderemos absorver vários tipos de conhecimentos, especialmente nessa área da robótica, que é o nosso principal objetivo aqui no projeto, e poderemos estar observando para contribuir no desenvolvimento do nosso projeto daqui para frente”, afirma Artur.

Palestra

Do Campus Cacoal, o professor Thiago José Sampaio Kaiser foi um dos selecionados para proferir palestra na CampusParty. Ele já participou de duas Campus Party Brasil e da CampusParty Rondônia em 2018. O tema dele será “Vencendo o Tempo”, em que repassará dicas para fazer uma boa apresentação para vender projetos e ideias em pouco tempo, tendo em vista que os pitches ou outras formas de apresentação de startups possuem tempos limitados.

Autor / Fonte: ASCOM/IFRO

Comentários

Leia Também