Síria: Reino Unido rejeita apelo de Trump para repatriar jihadistas

Síria: Reino Unido rejeita apelo de Trump para repatriar jihadistas

O Reino Unido rejeitou ñesta segunda-feira (18) o apelo do presidente norte-americano, Donald Trump, para que a Europa repatrie os combatentes estrangeiros da organização jihadista Estado Islâmico (EI), afirmando que os extremistas devem ser julgados no local em que são cometidos os crimes.

"Os combatentes estrangeiros devem ser levados à justiça em conformidade com os procedimentos legais adequados na jurisdição mais apropriada", declarou um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

"Quando possível, isso deve acontecer na região onde os crimes foram cometidos", referiu o mesmo porta-voz, sublinhando ainda que Londres continua trabalhando "em estreita colaboração" com os seus parceiros internacionais nesta matéria e que o executivo tudo fará "para garantir a segurança do Reino Unido".

Donald Trump exortou no último fim de semana os países europeus a repatriarem os respectivos cidadãos acusados de pertencerem ao EI, e que estão atualmente detidos na Síria, e a julgá-los internamente.

O apelo de Trump surge poucas semanas depois do Departamento de Estado norte-americano ter feito esse mesmo pedido.

"Os Estados Unidos apelam a outras nações para que repatriem e julguem os seus cidadãos detidos pelas Forças Democráticas Sírias (FDS)", força árabe-curda apoiada na Síria pela coligação militar internacional anti-'jihadista' liderada por Washington, declarou, em 04 de fevereiro, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Robert Palladino.

Saudando "as contribuições" das FDS "para vencer o EI", que atualmente "está enfraquecido e recuando" segundo Washington, o representante da diplomacia norte-americana recordou na mesma ocasião que a força árabe-curda capturou durante a campanha de libertação do território sírio dos 'jihadistas' "centenas de terroristas estrangeiros oriundos de dezenas de países".

A questão dos 'jihadistas' estrangeiros ressurge perante o recente anúncio surpresa de Donald Trump de querer retirar cerca de 2.000 soldados norte-americanos mobilizados na Síria junto das forças árabes-curdas que lutam contra o EI.

O governo curdo semi-autônomo se recusa a julgar os combatentes estrangeiros e quer enviá-los de volta para os respectivos países de origem.

Mas, as potências ocidentais estão relutantes diante desta possibilidade, que é encarada com hostilidade por alguns grupos das respectivas opiniões públicas.

O assunto é analisado hoje em Bruxelas pelos chefes da diplomacia dos Estados-membros da União Europeia (UE).

O grupo extremista EI está em vias de ser derrotado no seu último reduto na Síria pelas FDS, mas o destino dos combatentes estrangeiros que estão nas mãos das forças árabes-curdas ainda está por definir. Os homens estão detidos, enquanto as mulheres e os menores estão em campos de desabrigados.

A Alemanha se mostrou disponível para julgar os seus cidadãos detidos ainda na Síria, mesmo que o repatriamento pareça nesta fase "extremamente difícil".

Falando aos jornalistas à entrada da reunião com os seus homólogos da UE, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, afirmou que esta situação "não será tão fácil quanto pensam nos Estados Unidos".

Após uma relutância inicial, a França está considerando um possível regresso dos seus cidadãos. Uma fonte francesa próxima deste dossiê mencionou o caso de 150 cidadãos franceses, incluindo 90 menores.

Na Bélgica, o ministro da Justiça, Koen Geens, pediu no domingo uma "solução europeia", apelando a uma reflexão que tenha em conta os riscos ao nível da segurança.

Autor / Fonte: LUSA

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