Traficantes da Rocinha pediram armas ao PCC antes de confronto

Traficantes da Rocinha pediram armas ao PCC antes de confronto

(Joel Silva/Folhapress)

A Polícia Civil do Estado de São Paulo prendeu nesta quinta-feira o suposto traficante Fabiano Robson dos Santos, conhecido como Negão da Baixada ou Salazar. Ele é apontado pelos investigadores como o interlocutor do Primeiro Comando da Capital (PCC) com a facção Amigo dos Amigos (ADA), que comanda o tráfico de drogas na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Durante a investigação, a polícia captou uma conversa entre Santos e um homem não identificado ligado ao ADA. Na conversa, o traficante fluminense pede o envio de armas. “Qual que é a parada, irmão?”, pergunta Santos. “É referente à família (…) o que tá acontecendo lá no Rio, irmão. Tem que ir que nossos parceiros tão [sic] precisando de armamento lá, tá [sic] ligado, irmão? Precisamos de bala mesmo, umas caixas, tá [sic] ligado irmão?”, responde o traficante.

De acordo com a polícia, o diálogo foi interceptado há cerca de 40 dias, pouco antes da eclosão do conflito armado na Rocinha entre grupos ligados ao Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que eram aliados na mesma facção, o ADA, e se desentenderam — o armamento teria sido requisitado para o confronto que levou terror às ruas do Rio. O pedido se referia a uma remessa de quinze fuzis. A polícia não sabe se as armas chegaram ao Rio de Janeiro e buscam identificar o traficante fluminense.

Santos foi preso nesta quinta-feira em sua casa na Praia Grande, litoral sul de São Paulo, como parte da operação que leva seu último apelido como nome. Resultado de uma apuração da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), de São Bernardo do Campo (SP), a ação envolveu 320 policiais para cumprir cerca de 30 mandados de prisão e 96 de busca e apreensão. A ação policial ocorre na capital, na região metropolitana e na Baixada Santista. Até o final da manhã, treze pessoas já tinham sido presas acusadas de envolvimento com a facção no litoral do estado.

Na madrugada de 17 de setembro, um bando de 60 homens armados invadiu a favela da Rocinha a mando de Nem, que está encarcerado em um presídio de segurança máxima em Rondônia. O objetivo era tomar a favela das mãos de Rogério 157, que foi ex-segurança de Nem e cresceu na carreira criminosa após sua prisão. Após o conflito, a polícia suspeita que ele tenha se aliado ao Comando Vermelho (CV), facção majoritária nos morros do Rio e inimiga do ADA. Desde o fimdo ano passado, o PCC rompeu uma parceria que tinha há mais de 20 anos com o CV e passou a se unir ao seu principal rival na capital fluminense.

Autor / Fonte: Veja

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